quarta-feira, 20 de abril de 2022

Retomada do maracatu em Alagoas completa 15 anos com aniversário do Baque Alagoano

Grupo promove oficinas para novos integrantes e prepara documentário e grande festa popular para comemorar a data

Texto de: Mariana Lima - jornalista e batuqueira

                                                            Foto: Carlos dos Anjos


Como diz a loa, “15 anos não são 15 dias, não foi fácil, mas ele brilhou!”. O Maracatu Baque Alagoano completa 15 anos de fundação nesta quinta-feira, 21 de abril, uma data que já seria de grande importância para qualquer grupo de cultura popular, mas tem um peso ainda maior por se tratar da retomada do maracatu no estado de Alagoas após o episódio conhecido como Quebra de Xangô, na Maceió de 1912.

Foi em 21 de abril de 2007 que o grupo de pessoas - de todas as idades, religiões, formações e classes sociais - que havia acabado de passar quatro sábados na oficina de maracatu com o percussionista Wilson Santos resolveu que não queria parar de batucar. Surgia assim o Baque Alagoano, que ao longo dos anos, dividiu-se e multiplicou-se em diversos outros grupos de maracatu pelo estado.

Para marcar os 15 anos, uma oficina similar àquela organizada por Wilson no Centro de Belas Artes de Alagoas (Cenarte) será realizada para ingresso de novos integrantes no Baque Alagoano. Esta será a primeira oficina em dois anos, nos dias 29 e 30 de abril, no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e na Praça Marcílio Dias, local dos habituais ensaios do grupo nas tardes de sábado por mais de uma década.

Mas este é só o início das comemorações, garantem batuqueiros e batuqueiras.

“Fazer 15 anos é sempre marcante. Por isso mesmo, preparamos alguns eventos especiais para comemorar esse feito, começando pelo documentário que conta um pouco da nossa história e da própria história do ressurgimento do maracatu em Alagoas, que já está sendo finalizado. E por fim, um grande evento que irá reunir diversos maracatus e outros grupos no Festival da Cultura Popular, que será em agosto”, informa Marcel Palmeira, coordenador administrativo do MBA.

Enquanto a grande festa não vem, o grupo ensaiará normalmente neste sábado (23), para marcar o aniversário com aquelas pessoas que são a razão desses 15 anos de caminhada: seus próprios integrantes.

“São 15 anos de muitas alegrias, muito batuque e principalmente muita luta e resistência pela cultura popular alagoana. Mas uma luta muito prazerosa, por ser por algo que nós acreditamos que valha muito a pena, que é o ressurgimento e fortalecimento do maracatu, e apoiando e caminhando juntos as outras diversas atividades  e artistas de cultura popular em Alagoas”, completa Marcel.

Sobre o Baque Alagoano

O Maracatu Baque Alagoano conta com quase 100 integrantes em sua formação atual, dos 7 aos 65 anos, voltando às atividades aos poucos após dois anos de idas e vindas com a pandemia. Toca músicas autorais, chamadas loas, e também músicas de outros grupos de maracatu, coco, guerreiro. Ainda dão seu toque a canções do samba, manguebeat e MPB.

É composto por cinco alas, divididas de acordo com os instrumentos: xequerês ou agbês, agogôs, gonguê, caixas de guerra e as alfaias ou tambores de maracatu. Mais informações sobre o grupo podem ser encontradas no Instagram @baquealagoanomaracatu.

 

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

 

Foto de Waldson Costa.


Durante os 13 anos de existência do Baque Alagoano, o dia 20 de Novembro sempre foi um momento de celebrarmos com muito maracatu todas as conquistas e lutas históricas do povo preto. Era uma data mais especial ainda para mostrarmos reverência a todas e todos que resistiram ao longo de séculos para que nossos instrumentos pudessem ressoar hoje.


E hoje amanhecemos com a notícia que mais um homem preto apanhou até a morte, assassinado por pessoas que tinham uma função de “ordem e poder”, que se sentiram seguros em conduzir uma sessão de espancamento em um supermercado, acompanhada e registrada de perto por outra pessoa que não se incomodou com tamanha barbaridade. É difícil escrever diante de uma situação dessas, nos coloca imediatamente pensando no que mais aconteceu nessa madrugada que não foi filmado ou noticiado. E mais: nos comovemos facilmente com o caso do George Floyd, nos EUA, mas no Brasil a "cultura que mata preto" acontece todos os dias e não causa tanta comoção. Qual a diferença?


Na cultura, vivemos mais um ano em que a Fundação Palmares segue sequestrada e ataca grandes personalidades negras brasileiras.


“Esse canto que devia ser um canto de alegria, soa apenas como um soluçar de dor” (Clara Nunes, O canto das três raças)


Este ano, a pandemia nos afastou da nossa batucada, mas a necessidade de lutar contra toda injustiça e violência sofrida pela negritude se mostra cada vez maior e mais presente. 


“Preconceito sem conceito que apodrece a nação

Filhos do descaso mesmo pós-abolição

Mais de 500 anos de angústia e sofrimentos

Me acorrentaram, mas não meus pensamentos” 

(MV Bill, Só Deus pode me julgar)


Milhões de pessoas foram às ruas, em todo mundo, para gritar que “Vidas Negras Importam” e para exigir o fim do extermínio preto. Milhões de pessoas foram às urnas em diversas cidades brasileiras e elegeram pretas, pretos, indígenas e conhecidos batalhadores e batalhadoras pela cultura, educação e direitos humanos.


“Como falar de meritocracia, num país que mata um menino de 14 anos que só queria estudar, dentro de casa?” (Silvio Almeida) 


Por isso celebraremos hoje e sempre Gilberto Gil, Elza Soares, Milton Nascimento, Martinho da Vila, Leci Brandão, Mestre Walter, Lia de Itamaracá e tantos outros grandes nomes da cultura brasileira!


“A carne mais barata do mercado é minha carne negra.

Que vai de graça pro presídio e para debaixo do plástico,

Que vai de graça pro subemprego e pros hospitais psiquiátricos.

A carne mais barata do mercado é minha carne negra.

Que fez e faz história segurando esse país no braço.” (Elza Soares, A Carne)


Vidas negras importam!


Viva Zumbi! Viva Dandara! Viva Aqualtune, Acotirene, Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, Carolina de Jesus, Professor Zezito Araújo, Ganga Zumba, Mestre Môa, Tia Marcelina e Mãe Vera!!!


Que o Dia da Consciência Negra traga reflexão crítica e reverbere para todos os dias do ano, vez que a luta contra a estrutura racista da sociedade e a opressão deve ser diária, da mesma maneira que a luta para a ascensão do povo preto em todas as camadas.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Baque Alagoano tem maratona de apresentações até o carnaval

Agenda tem eventos em diferentes pontos da cidade, sempre gratuitos, e ainda pode ganhar novas datas


O grupo Maracatu Baque Alagoano está com ensaios a todo o vapor para o Polo dos Maracatus neste Jaraguá Folia, mas tem alguns compromissos agendados antes das prévias de carnaval. E todas as datas são convites e compromissos grande importância: Xangô Rezado Alto, Cortejo dos Filhinhos da Mamãe e inauguração do Axé Pratagi, todos na primeira semana de fevereiro.

O primeiro compromisso será no domingo (02), às 16h, na celebração do Xangô Rezado Alto conduzida pela Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), que este ano tomará a orla da Ponta Verde, na Rua Fechada, para marcar o fatídico episódio de 02 de fevereiro de 1912, quando foram destruídas casas de culto de matriz afro-religiosa, assim como paramentos e objetos sagrados. O evento se propõe a lembrar o que aconteceu e lutar para que não volte a ocorrer.



Em seguida, o Baque atende mais uma vez o chamado da Mamãe. No sábado (08), às 21h, irá conduzir a boneca da Mamãe do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) à Igreja Nossa senhora Mãe do Povo, para a tradicional benção do estandarte que dá início ao Bloco Filhinhos da Mamãe. Este é o ponto de partida de uma festa que irá se estender pela Rua Sá e Albuquerque até a Praça Marcílio Dias, com muito frevo, maracatu e boi-bumbá.

Já no domingo (09), a partir das 14h, o Maracatu Baque Alagoano é um dos convidados da inauguração do Axé Pratagy, em frente à Praia da Sereia. Este é o “novo prédio” da Casa de Iemanjá, comandada por Pai Célio, que além do trabalho religioso, desenvolve ações de reconhecimento e valorização da cultura afro-brasileira.

Essas apresentações precedem a grande noite do Polo dos Maracatus, em 14 de fevereiro, durante o Jaraguá Folia, onde o Baque Alagoano irá receber convidados para celebrar as prévias carnavalescas, o Coco de Roda e o Mestre Verdelinho.


A lista de oportunidades para conhecer ou prestigiar o Maracatu Baque Alagoano ainda pode aumentar, uma vez que a agenda do carnaval ainda está sendo fechada e novas datas podem ser inseridas nesta maratona. Fique de olho nos canais oficiais do grupo para não perder nenhuma novidade: Instagram @baquealagoanomaracatu, Twitter @BaqueAlagoano, pelo Facebook www.facebook.com/baquealagoano e blog www.maracatubaquealagoano.blogspot.com.


quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Nota de Repúdio


Nós, do Maracatu Baque Alagoano, solidarizamos-nos com as integrantes do @baquemulhermatinhos e repudiamos a violência sofrida por elas nesta quarta-feira, dia 22.
Segue nota de repúdio do grupo @baquemulhersp .

Resistência. ✊🏿